PATRÍCIA

Como quase todos os dias, saio da academia cantarolando por aí, suada, a alma lavada.

Mas hoje, uma lembrança forte bateu no coração.
Tempos atrás, o convívio diário com uma super amiga me fez perceber como a vida pode ser difícil e, ainda assim, tão feliz.

Patrícia era seu nome. Minha amiga sofria de uma doença rara, que a cobria de feridas e sintomas difíceis de conviver.
Fora a rejeição social e as dificuldades que isso lhe custava, compartilhávamos muitos sonhos e amores platônicos pelos meninos da escola ou do bairro.

Tantos anos juntas desde muito pequenas, na mesma escola, e a amizade forte veio mesmo depois da formatura do ginasial.
Patrícia morava numa rua paralela à minha. Praticamente todos os dias estávamos juntas. E todos os dias lá estava ela risonha e feliz.
Como essa menina me fazia rir e como era gostosa a gargalhada dela!
Incrível como pode uma pessoa que, com todos os problemas imagináveis e inimagináveis (porque dos que soube, não cabe aqui contar), vivia sempre TO-DOS OS DI-AS sorrindo e feliz!!!

Hoje, enquanto caminhava, senti uma paz e uma liberdade tão grande que, de repente, na imaginação, lá estava a Patrícia na minha frente com sua gargalhada feliz. E o seu exemplo de vida.
Acho que os males da vida dela existiram para os meus olhos e para todos os outros mais. Não para ela.

Patrícia não está mais entre nós. Fisicamente. A gravidade estava na doença dela, não nela.

Anda viva por aí. Na leveza da vida, como tem de ser.

Patrícia - Obrigada! Obrigada! Obrigada!

Ana Martins

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